5 mitos e verdades sobre Carbonato de Lítio

O transtorno bipolar, apesar de apresentar diferentes gravidades entre os portadores, é um dos transtornos psiquiátricos mais graves e é fundamental para o prognóstico dos portadores o reconhecimento precoce e o controle da doença com a estabilização de sintomas.

Os pacientes geralmente precisam de uma abordagem farmacológica e não farmacológica integrada. 

No que tange ao tratamento farmacológico, mesmo havendo avanços substanciais da psicofarmacologia nas últimas décadas, ainda são relativamente limitadas as opções para o tratamento medicamentoso do transtorno bipolar. 

☝🏼Além disso, entre as opções disponíveis, existem variações em relação a eficácia conforme períodos de humor (depressão, mania, estado misto) e também em relação ao perfil de efeitos adversos. 

➡️ O lítio é um dos tratamentos mais economicamente acessíveis e mais eficazes para o transtorno bipolar. 

📉No entanto, uma tendência de declínio nas prescrições de lítio foi observada em todo o mundo nos últimos 20 anos, apoiando a noção de que o lítio é um "medicamento esquecido" ou estigmatizado. 

Alguns especialistas preocupam-se maioria dos pacientes com transtorno bipolar está perdendo a melhor opção farmacológica disponível por causa disso.

📃O artigo de revisão “Facts and myths about the use of lithium for bipolar disorder”(1) revela alguns mitos e verdades sobre o uso de lítio na prática clínica.

▶️ Abaixo,confira 5 mitos a respeito do lítio — e as respectivas verdades. 

Mito 1.

“O Lítio não é a primeira opção para o tratamento de transtorno bipolar”

✅ Verdade: 

O lítio é considerado padrão-ouro de tratamento para o transtorno bipolar. 

Os estudos demonstram sua eficácia tanto para tratar períodos de depressão e de mania, quanto para prevenir o surgimento desses episódios (tratamento de manutenção) (1).

Mito 2.

“Lítio engorda”

✅ Verdade: 

O lítio está significativamente menos associado ao ganho de peso do que outros estabilizadores de humor comumente usados, como olanzapina e quetiapina.

Uma revisão sistemática com meta-análise revelou que o ganho de peso com o tratamento com lítio não foi significativo — a média é de 0.462 kg (2).

Mito 3. 

“Quem toma lítio precisa viver fazendo exames”

✅ Verdade:

Antes de iniciar o tratamento são solicitados alguns exames de sangue e nos primeiros 2 a 6 meses os exames são solicitados com alguma frequência. 

Depois disso, só é necessário fazer exames a cada 6 ou 12 meses, conforme avaliação clínica (3).

Mito 4. 

“Dosagem de lítio no sangue auxilia a detectar problemas de humor”

✅ Verdade: o exame de dosagem de lítio no sangue é aplicável APENAS para quem estiver fazendo tratamento com carbonato de lítio.

Nas pessoas que não fazem uso desse medicamento, o resultado de exame normal é sempre: lítio indetectável.

Para os que fazem tratamento com carbonato de lítio, o exame ajuda a ajustar a dose do medicamento, mas não diz respeito ao transtorno de humor.

Mito 5. 

“Lítio é usado apenas por quem tem Transtorno Bipolar"

✅ Verdade: O lítio é eficaz para outras indicações clínicas, por exemplo:

• na redução do risco de suicídio (seja por Tr. bipolar ou por outro transtorno psiquiátrico)

• na potencialização de antidepressivos no tratamento de depressão unipolar (3).

Fontes consultadas:

1) Fiorillo, A., Sampogna, G., Albert, U. et al. Fatos e mitos sobre o uso de lítio para transtorno bipolar na prática clínica de rotina: um artigo de consenso de especialistas. Ann Gen Psychiatry 22 , 50 (2023). https://doi.org/10.1186/s12991-023-00481-y

(2) Gomes-da-Costa S, Marx W, et al. Lithium therapy and weight change in people with bipolar disorder: A systematic review and meta-analysis. Neurosci Biobehav Rev. 2022 Mar;134:104266. doi: 10.1016/j.neubiorev.2021.07.011.

(3) CORDIOLI, Aristides Volpato; CORREIA FILHO, Alceu Gomes . Psicofármacos: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed, 2023.