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A mulher e o tempo: reflexões sobre o luto pela juventude

  • Writer: Dra. Fernanda Sartori
    Dra. Fernanda Sartori
  • 4 days ago
  • 2 min read
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"O corpo da mulher é marcado pela sua anatomia. Logo ao nascer, ao ser reconhecida como menina, tem início uma série de tratamentos, expectativas e proibições ditados pelas normais sociais que determinam o que é esperado de uma mulher.

Da mesma maneira, o corpo da mulher é marcado pelo tempo. O período reprodutivo, por ser datado, liga-se às marcas perceptivas da menarca e da menopausa. Essas marcas delimitam não somente a fase de fertilidade da mulher, mas também todo um campo de significados."(1)


"O corpo da mulher se transforma todos os meses, nos anos de sua fase reprodutiva; transforma-se ainda mais na gravidez e quando chega a fase do envelhecimento. [...]

Se a mulher envelhece, o feminino que nela vive é essencialmente transformação e generatividade. É o feminino que amadurece em cada passagem da vida, que continua e resiste, para além das representações imaginárias que tentam encerrar a mulher dentro de espelhos. Mas os espelhos estão presentes, sim, na vida da mulher, teste-munhando suas faltas, limites e as marcas que o tempo vai fazendo em seu corpo."(1)


O luto pela juventude feminina não está apenas na perda do corpo jovem, mas também na perda do lugar social de reconhecimento, validação e aceitação, frequentemente associado à fertilidade e à beleza.

A pressão estética sobre as mulheres, muito mais intensa do que sobre os homens, junto à visão estereotipada da menopausa coemo o fim da potência feminina, impõe grandes desafios às mulheres diante das mudanças que o tempo traz ao corpo.


Toda mudança traz medo. 

O medo de perder o ‘brilho’, a utilidade, de não ser amada ou desejada.

Mas esse processo também oferece a possibilidade de encontrar um novo olhar para si mesma. 

Ao encarar as mudanças no corpo, no espelho e na vida com outros significados, a mulher pode perceber que não é a juventude que a define, e sim a soma de todas as suas fases, com todas as suas marcas, vivências e transformações.


"A árvore não é semente, depois caule, depois tronco inflexível, depois madeira morta. Para conhecê-la, é bom não a dividir. A árvore é essa força que desposa pouco a pouco o céu"

(Saint Exupéry)






(1) Referência utilizada: 

Tratado de saúde mental da mulher: uma abordagem multidisciplinar 

coordenador Joel Rennó Jr – 1. ed. – Manole, 2024; cap. 9 "a mulher e o tempo: 

abordagem em contextos particulares do ciclo de vida feminino

 
 
 

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