Consideramos que a etiologia dos transtornos psiquiátricos é multifatorial, ou seja, se origina por uma combinação de fatores e não podem ser explicados por um fator somente. Um desses fatores é a cultura. E a cultura influencia fortemente nas nossas construções de gênero.
Por essa perspectiva, é compreensível que a Depressão apresente-se com algumas características peculiares ao gênero.
Um estudo de Martin e col.* (JAMA Psychiatry, 2013) procurou investigar essas particularidades.
O que os pesquisadores encontraram foi que
- A depressão em homens apresentava com maior frequência sintomas de: irritabilidade (ao invés de tristeza evidente); maior reatividade emocional a eventos negativos; crises de raiva; abuso de substâncias; descontrole de impulsos; comportamentos de risco, auto-destrutivos ou compensatórios (como com sexo, jogo ou envolvimento excessivo com trabalho);
- As mulheres, por sua vez, tenderam apresentar depressão mais frequentemente associada a sintomas de stress psicológico, indecisão, ansiedade, problemas de sono, culpabilização e queixas.
Parte dos motivos pelos quais postula-se que a psicopatologia da depressão em homens com frequência tenda a ter essas particularidades é o fato de que culturalmente os homens vivenciam pressões sociais que pregam ideais de masculinidade e repreendem demonstrações de afeto, principalmente de sentimentos negativos, choro e tristeza. Assim, os homens- sem estarem conscientes disso - muitas vezes se encontram sem recursos internos para lidar com emoções negativas e sentimentos de stress.
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