Quando uma pessoa identifica um problema em sua saúde, seja física ou emocional/ psíquica, é natural ela pensar em buscar uma solução.
Não tem nada de errado nisso — aliás, existe uma série de pessoas que, por outro lado, tem dificuldade em reconhecer problemas e buscar ajuda e isso não é bom.
Então, qual é o problema em buscar uma solução?
Para mim, como psiquiatra, o “X” da questão está na compreensão do que é para a pessoa a “solução” para seu problema.
Isso porque quando falamos de problemas de ordem mental, psíquica e emocional, não estamos falando de problemas simples.
Por isso, se entendermos que o tratamento para esses problemas é simples, muitas vezes haverá frustração e até mesmo insucesso.
O que não exatamente quer dizer que o tratamento não funcionou ou que não existe tratamento para essa pessoa.
É claro que quando uma pessoa está em sofrimento, ela vai sofrer ainda mais se sentir que seu problema não tem solução.
Também não é isso que estou dizendo.
O que quero dizer é que cabe a nós, profissionais que lidam com problemas de ordem mental, entender o ajuste fino entre acolher, dar esperança e, ao mesmo tempo, envolver ativamente essa pessoa em um processo de recuperação.
É aqui que eu chego na palavra que eu julgo mais adequada do que “solução” ou “cura”, que é: “recuperação”.
Entender que o tratamento de condições psiquiátricas é um processo de recuperação ajuda a trabalharmos com expectativas realistas, a ampliar a visão do que é um tratamento psiquiátrico e psicológico e, assim, aumentar as chances de que esse processo evolua bem.
Comments